Entrevista a Diogo Silva e Ricardo Garcia da Rede Alumni IGOT-ULisboa
No final de 2021, o IGOT-ULisboa criou a Comissão Instaladora da Rede Alumni IGOT, com a missão de promover uma rede de interação e de benefícios mútuos entre Alumni (FLUL e IGOT), estudantes e o IGOT, de forma a fortalecer o sentimento de pertença à comunidade IGOT e a estabelecer conexões estratégicas e com significado.
A Comissão Rede Alumni é composta por Ricardo Garcia, presidente da Comissão e vice-presidente do IGOT-ULisboa, Paula Sofia Moleiro, do Gabinete de Comunicação, e os Alumni Daniel Lopes e Diogo Gaspar Silva.
Nesta entrevista, Diogo Silva e Ricardo Garcia fazem um balanço do primeiro ano de atividades e uma análise do futuro e da importância da Rede Alumni do IGOT.
P1. Como surgiu a ideia da criação da Rede Alumni do IGOT-ULisboa?
Diogo Silva: O projeto de constituir uma rede que juntasse antigos e antigas estudantes do IGOT e do antigo Departamento de Geografia da FLUL surgiu nos últimos dias de dezembro de 2020 quando o Daniel Lopes tomou a iniciativa de me contactar com uma ideia que, apesar de ainda pouco madurada, poderia dar resposta a uma pretensão com vários anos. Enquanto antigos colegas de curso, identificamos uma manifesta ausência de uma estratégia coerente e adequada, dotada de uma estrutura própria criada para garantir a sua implementação e monitorização, que permitisse ao IGOT conhecer as trajetórias académicas e inserção dos seus diplomados das mais diversas gerações no mercado de trabalho e promover estratégias institucionais conducentes ao reforço do sentimento de pertença da comunidade IGOT.
À medida que sondamos alguns dos nossos colegas mais próximos, reforçou-se a convicção de que uma Rede Alumni era, também, uma necessidade vital para a comunidade de ex-estudantes do IGOT, já que narrativas como «Excelente ideia! Quem me dera que, quando eu estudei no IGOT, essa estrutura tivesse estado em funcionamento», «Senti falta de um maior apoio na transição do papel de “estudante” para o mercado de trabalho» ou «É necessário recuperar os contactos com os colegas da nossa geração» surgiram com bastante frequência nestas conversas informais que realizamos com várias gerações de Alumni. Incentivados pelas experiências destes testemunhos, começamos por realizar um breve diagnóstico sobre o valor acrescentado que as Redes Alumni representam, tendo como ponto de referência as restantes unidades orgânicas da Universidade de Lisboa e outras boas práticas internacionais, e reunimo-nos para discutir uma estratégia e respetivas linhas de ação, bem como um programa de atividades.
Em março de 2021, discutimos esses elementos com a então Presidência do IGOT. Desde então, uma iniciativa com vários anos, mas nunca executada, iniciou o seu caminho através de uma parceria sólida e indispensável com a Direção do IGOT, representada pelo Ricardo Garcia.
P2. Qual o balanço do primeiro ano de atividade da Comissão Instaladora da Rede Alumni?
Ricardo Garcia: No primeiro ano de atividade destacam-se quatro momentos/resultados principais: a criação da Comissão Instaladora e a definição das estratégias de divulgação e angariação de membros; a criação de uma base de dados de membros e tratamento de informação; a organização e realização do 1.º Encontro Rede Alumni do IGOT-ULisboa, decorrido a 22 de outubro de 2022; e a elaboração do Diagnóstico e Plano de Ação Estratégico da Rede Alumni IGOT.
Numa primeira fase, a pandemia e as medidas de isolamento físico condicionaram o trabalho da Comissão Instaladora, composta apenas por quatro elementos, e que apenas foi criada estatutariamente no início de 2022. A divulgação da iniciativa por meios eletrónicos foi facilitada para a comunidade Alumni que efetuou a formação no IGOT, uma vez que se possui um email institucional ativo à data e que serviu como meio de contacto principal. No entanto, essa metodologia não foi passível de ser aplicada à comunidade advinda do antigo departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, uma vez que não se possui esses contactos, restringindo-se a divulgação às redes sociais e ao “passa palavra”.
Estas diferenças de “comunicação” são evidentes quando se verificam o número de membros e a sua “origem institucional” revelando uma maior dificuldade no processo de captação de Alumni “mais antigos”, oriundos da FLUL, eventualmente devido a um maior afastamento da Escola ou mesmo por não sentirem pertença ao novo espaço de Geografia e Ordenamento do Território da ULisboa. Contudo, obviamente, o IGOT é, ou pretende-se que seja, a sua “Escola”.
O primeiro encontro decorreu de modo misto, presencial e online, e com uma participação considerável (75 participantes), permitindo a partilha de experiências por parte de Alumni de diferentes gerações, mas também a apresentação de objetivos e análise prévia das caraterísticas e ambições dos membros Alumni.
O resultado final do ano de trabalho acaba expresso no Diagnóstico e Plano de Ação Estratégico da Rede Alumni IGOT. Este documento, que define as sete linhas de ação estratégicas e correspondentes grupos de trabalho, foi objeto de apresentação no I Encontro da Rede Alumni IGOT e, depois, divulgado a toda a comunidade Alumni, a quem pedimos sugestões de melhoria e recomendações.
P3. Podem fazer um ponto de situação e explicar brevemente os planos para o futuro desta rede?
Diogo Silva: Nem sempre é fácil elaborar, com o distanciamento muitas vezes exigido, uma reflexão rigorosa sobre as atividades que são desenvolvidas por estruturas de coordenação, situação que se agrava quando essa estrutura pretende, desde o seu primeiro dia, o envolvimento e participação ativa dos Alumni.
Feito o balanço do trabalho desenvolvido pela Comissão Instaladora, é relevante destacar que a Rede Alumni IGOT abrange, atualmente, cerca de 500 membros, valor que superou, e continua a superar, as nossas melhores expectativas! Por força do elevado nível de adesão, da sua representatividade e diversidade, não só em termos geracionais, mas sobretudo em termos académico-profissionais, elaboramos, com recurso à informação obtida no processo de inscrição na Rede, o já referido Diagnóstico e Plano de Ação Estratégico da Rede Alumni IGOT.
Tem sido neste contexto, caracterizado por uma opção de desenvolver um modelo de coprodução do Plano, que temos vindo a iniciar a implementação de algumas linhas estratégicas basilares, com as quais procuramos garantir a vitalidade e viabilidade operacional da Rede, nomeadamente através do progressivo alargamento dos elementos envolvidos nas esferas de decisão e na progressiva autonomia dos diferentes grupos de trabalho, que se encontram, neste momento, em fase final de constituição.
Entre as linhas estratégias que consideramos prioritárias estão o «Recrutamento» e a «Comunicação». No primeiro caso, a nossa ação tem-se centrado em duas dimensões. Por um lado, pretendemos expandir o número de inscritos da Rede Alumni, captando não só estudantes atuais, com o apoio dos Serviços Académicos do IGOT, mas também gerações mais antigas, em parceria com a FLUL. Está ainda agendado um encontro com a direção da Alumni ULisboa - Associação de Antigos Alunos da Universidade de Lisboa, com o objetivo de criar sinergias.
Por outro lado, estamos empenhados em garantir a permanente atualização da informação pessoal, académica e profissional dos Alumni inscritos, pelo que iremos brevemente divulgar um formulário que possibilite a atualização desses dados. No segundo caso, a linha estratégica da «Comunicação», muito dinamizada pela Paula Moleiro, tem beneficiado da criação de vários canais de difusão da informação (newsletters, redes sociais ou website), veículos que consideramos imprescindíveis para garantir a eficiência na divulgação do fluxo de informação e assegurar a transparência nas nossas práticas de gestão e de tomada de decisão, aspetos que consideramos essenciais para garantir a confiança na Rede e, assim, promover o sentimento de coesão e de pertença entre os seus membros.
O último aspeto que gostaríamos de comentar está relacionado com o futuro modelo de gestão da Rede Alumni IGOT. Somos conscientes de que, tendo em conta o grande volume de ações prioritárias indicadas pelos Alumni, a manutenção da Comissão Instaladora nos seus moldes atuais se afigura um modelo de governança pouco adequado e eficiente para as aspirações deste projeto.
Por este motivo, e após termos recebido cerca de duas dezenas de Alumni interessados em colaborarem connosco, estamos, neste momento, a proceder à constituição de grupos de trabalho autónomos, aos quais serão atribuídos pelouros e responsabilidades específicos. Ainda assim, a representação institucional e a monitorização da implementação do Plano de Ação Estratégico da Rede Alumni IGOT manter-se-á sob responsabilidade da Comissão Instaladora.
P4. Qual consideram ser a importância desta rede para o IGOT e para a comunidade de ex-estudantes?
Ricardo Garcia: O IGOT, enquanto instituição de ensino superior, procura sempre transmitir à sua Comunidade quer o que melhor se faz do ponto de vista de investigação, quer a sua aplicação no território ou como suporte na definição de políticas públicas. Este objetivo só é realizável se existir um conhecimento real das necessidades, pelo que o contacto com Alumni e Alumnae, inseridos no mercado de trabalho, com funções muito diversas e territorialmente disseminados, é imprescindível para que o IGOT possa ter uma noção das tendências e carências atuais.
Adicionalmente, ao criar uma Rede Alumni, o IGOT tem a possibilidade de analisar as trajetórias e sucessos dos seus estudantes, avaliar a importância da formação e conteúdos que proporciona, bem como, através de testemunhos e participação nas atividades e eventos do IGOT, proporcionar à comunidade estudantil atual a oportunidade de conhecer e saber os desafios que os esperam e o potencial das competências e conhecimento que lhes está a ser transmitido. Estas sinergias têm elevada relevância naquilo que é a programação, atual e futura, de atividades e competências a desenvolver.
Por último, ter uma Rede Alumni permite a manutenção do espírito de comunidade, reencontrar colegas e professores e pensar e sentir o IGOT como um espaço de atualização de conhecimento nas diferentes áreas científicas, de reflexão e de networking e convívio.